"As opções políticas fundamentais que decorreram do consensus da elite construtora do Império (a independência, a unidade nacional e o regime de governo civil, constitucional e representativo) revelam a sua visão de mundo e de Brasil. A história do País independente, que os Construtores iniciaram, era percebida não como uma ruptura, mas como uma continuação da história portuguesa na América. Tanto assim que, ao invés de abandonar a secular política da Coroa lusitana nos trópicos, eles lhe deram seguimento, unindo politicamente o território, consolidando as fronteiras e estendendo, sobre a dimensão geográfica, as dimensões do povoamento, da civilização e da fé católica. O passado português do Brasil não foi rejeitado maniqueisticamente: o Brasil, afinal, continuava tão culturalmente luso como quando integrava o Reino de Portugal. Jamais eles aceitariam a afirmação que, com a República, o complexo de inferioridade nacional vulgarizou, de ter sido o Brasil "uma colônia de Portugal", no sentido pejorativo do termo colônia. Enfim, a vocação internacional do Brasil permanecia, para eles, muito mais ligada à Europa, do que a uma pretensa solidariedade continental subordinada aos ditames dos Estados Unidos."
Prof. Cezar Saldanha Souza Junior, retirado de "Consenso e Constitucionalismo no Brasil".
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