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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

MIGUEL DE VASCONCELOS; O HOMEM QUE NÃO PERCEBEU A REVOLUÇÃO

Foto de Nova Portugalidade.

O Dia 1.º de Dezembro, feriado nacional, reveste-se de especial importância para Portugal. Neste mesmo dia de 1640, um grupo de conjurados adentrou pelo Palácio da Ribeira, prendeu a representante de Filipe III de Portugal, vice-rainha de Portugal, Margarida de Saboia, a Duquesa de Mântua, assassinou Miguel de Vasconcelos, português, Secretário de Estado dos Habsburgo, e quebrou com o vínculo que unia Portugal à Monarquia Católica, ou Espanhola, desde 1580, restabelecendo a soberania portuguesa. D. João IV foi, então, entre gritos, aclamado Rei de Portugal.

Entende-se a Restauração num contexto em que os foros de Portugal, jurados em 1581 por Filipe I, eram desrespeitados; em que Portugal via as suas possessões serem atacadas por piratas neerlandeses, em consequência das inimizades da Monarquia dos Habsburgo; em que a supremacia de Madrid cada vez mais se fazia sentir, perigando a identidade do Reino.
Seguiram-se 28 anos de duras batalhas, nas quais Portugal se sagrou vencedor.

O quadro é de Antonio Fernandez, circa 1913, e retrata a defenestração do traidor Vasconcelos.

Marco Tiago Ferreira


Foto de Nova Portugalidade.

Um tal Miguel de Vasconcelos: o homem que não percebeu a Revolução

Para quantos possuem alguma prática de investigação, Miguel de Vasconcelos e Brito surpreende pelo afinco demonstrado no exercício das suas funções, pela minúcia com que lia os relatórios e os estudava, com o tempo que consagrava às tarefas de governante, pela prontidão com que ponderava e decidia; a atestá-lo, o despacho de centos de cartas, provisões legais, ordens e actos de governação disseminados pelos arquivos históricos. O homem era um mouro de trabalho. O Secretário de Estado do governo de Portugal, saído de uma família de letrados, jurisconsultos e lentes com sobejas provas dadas, não seria propriamente um vulgar aventureiro. Provinha de uma pequena nobreza togada subida a pulso num tempo em que nascia o Estado de Papel e era, tudo o indica, um excelente servidor do seu Rei.

Detestado pelos grandes e odiado pelo povo pelas suas políticas fiscais a que hoje chamaríamos austeritárias, morreu naquele golpe de Estado de Dezembro de 1640. Não há ainda, infelizmente, uma biografia exaustiva do homem abatido e defenestrado pelos Conjurados, mas estou certo de que Miguel de Vasconcelos não era exactamente um traidor, pelo menos na acepção que hoje atribuímos ao termo, mas um homem dividido entre a lealdade ao Rei e o amor à sua nação. Não nos esqueçamos que os nobres Conjurados eram uma excepção, posto que, como se veio a demonstrar com a tentativa de golpe de Estado de 1641, a alta nobreza portuguesa também estava exposta à dilemática escolha entre a plena independência [dinástica], o interesse colectivo da República e as juras de fidelidade àquele a quem tinha por senhor.

Como tantas vezes acontece, o golpe de Estado de 1640 transformou-se em revolução, não propriamente uma revolução social e de instituições (o perfil social e institucional manteve-se praticamente inalterado, como demonstrou a seu tempo Fernando Bouza Álvarez), mas uma revolução que se exprimiu na associação entre a consciência da identidade nacional e a independência nacional, Estado, Coroa e dinastia incluídos, pelo que de pronto verificamos que à velha exaltação de "os Portugueses", o imediato pós-1640 passa a exaltar a ideia de Portugal. Para o provar, nada melhor que as possessões da Coroa portuguesa que tomaram voz por Dom João IV - todas, com excepção de Ceuta - e os pesadíssimos sacrifícios, mil vezes mais dilacerantes do que as políticas fiscais de Miguel de Vasconcelos que o conjunto da nação portuguesa aceitou nos quase trinta anos seguintes de guerra, carestia e fome que se abateram sobre a colectividade. Aí, sim, houve uma revolução.

MCB

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