Visitando esta cidade de KANDY, Antiga capital do SRI LANKA (o Ceilão de antes, a mítica Taprobana dos Lusíadas .... ) andava surpreendido com a quantidade de nomes e apelidos portugueses por todo o lado..... já no hotel me tinha dado conta que um terço da lista telefónica eram apelidos nossos, Figueira, Sìlva, Pereira, Soares, Menezes, Albuquerque.....
Junto a um estabelecimento no mercado, mais um Silva, fiz questão em aprofundar um pouco e perguntei quem era o proprietário Silva.
Não estava, tinha ido comprar especiarias e condimentos num outro segmento do mercado.
Pedi para me o apresentarem e esperei um pouco.
Passados minutos, aparece me este personagem, com um sorriso rasgado e muito seguro de si, exclamando em português entendível:
“ O Silva sou eu.....”.
Seguiu-se uma conversa em que me falou dos antigos portugueses e das suas comunidades, cada vez mais raras e dispersas, os chamados “burgers “.
Fez questão em frisar que era português, não holandês, e que ele e muitos como ele vieram de Goa há muitos anos por razões de toda a ordem (era então o ciclo português de administração do Ceilão, aproximadamente cento e cinquenta anos, antes de perdermos essa função para os holandeses).
Muitos desses portugueses de Goa, com mil misturas, são oriundos de mestres e obreiros que trabalharam na construção das igrejas em Goa e que foram em determinada altura para o vizinho Ceilão, com o mesmo propósito.
Têm ainda hoje hábitos e papiá próprios, ouvi por várias vezes uma modinha que cantam chamada “casinha minha casinha ..,,”
Lembro -me do arrepio que senti, revendo ao vivo um “ambiente” seguramente parecido com o das naus portuguesas do Índico dos Sec 16 ou 17.,,,
Nós portugueses andámos de facto por aí a compor o nosso fado e não, a nossa História não é igual a outras...nem melhor nem pior, apenas fascinante e diferente, com luz e sombras, como tudo na vida.
António Inocêncio Pereira, Embaixador de Portugal em Kinshasa, República Democrática do Congo
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